DOCUMENTOS DE ARQUIVO NA FILMOGRAFIA BRASILEIRA SOBRE A DITADURA MILITAR (1964-1985): usos e ressignificações (2019)

Rafael Augusto Mendes Rosa

Utilizados como fontes de pesquisa e meios de difusão e (re)construção de
memórias, os documentos de arquivo também servem à criação de narrativas
cinematográficas. A partir do uso de documentos de arquivo na filmografia
brasileira sobre a ditadura militar, o objetivo geral desta pesquisa se constituiu
em investigar como eles são usados e ressignificados na produção
cinematográfica acerca do período da ditadura no Brasil (1964-1985). Trata-se
de um estudo exploratório e explicativo, e os procedimentos metodológicos
compreenderam o levantamento da produção fílmica relativa a tal período,
identificação dos documentos de arquivo utilizados nos filmes e a aplicação de
questionário aos diretores das obras analisadas. A análise dos dados foi
baseada naqueles coletados no formulário de análise fílmica e nas respostas
dos questionários que permitiram o levantamento dos descritores temáticos,
onomásticos e geográficos coletados na análise fílmica, e na verificação do
modo de uso dos documentos de arquivo nos filmes e dos créditos dados às
entidades, pessoas e famílias custodiadoras de documentos. Como parâmetros
de análise, as categorias propostas por Antoine Germa (2015), isto é, os
arquivos como marca do real; os arquivos como elemento de distanciamento;
os arquivos como elemento de falsificação pela ficção; e os arquivos como
elemento de contaminação da ficção. Conclui que, dentre os filmes
identificados, cerca de 90% são documentários e 10%, filmes de ficção
lançados, em sua larga maioria, a partir dos anos 2000, sendo marco o ano de
2013, com dez filmes, e que os gêneros de documentos mais frequentes nas
obras são o iconográfico e o fílmico, seguidos dos gêneros hemerográfico,
textual, sonoro e cartográfico. A ressignificação dos documentos de arquivo, na
maior parte dos filmes analisados, ocorre como marco do real, seguido pela
contaminação da ficção, falsificação da ficção e distanciamento do real. Eles
invocam memórias plurais acerca da ditadura militar, inclusive partindo de
histórias e acervos privados entrelaçados à memória nacional daquele período,
e há uma predominância dos filmes que veiculam discursos a respeito da
ditadura, do golpe militar e das práticas de tortura.

Texto completo disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/35599/1/2019_RafaelAugustoMendesRosa.pdf

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