ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO A PARTIR DE ESPAÇOS DE MEDIAÇÃO CULTURAL DIGITAL AO EXERCÍCIO DE DIREITOS CULTURAIS, SOCIAIS E INFORMACIONAIS (2023 – atual)

 Taiguara Villela Aldabalde – Coordenador

A institucionalização da mediação cultural no âmbito do campo da informação, ocorreu, principalmente entre 1971 e 1979, por situações pluridisciplinares ligadas às atividades de diversos órgãos públicos, como o Centro de Ligação do Ensino e das Mídias de Informação (CLEMI), sendo esse liderado por docente da Universidade Paris-Sorbonne da área de Ciências da Informação e Comunicação. Na prática, a mediação cultural tem sido institucionalizada morosamente por museus e bibliotecas, e, em parcerias entre arquivos, escolas, museus, galerias e outros espaços de mediação. Por que isso tem ocorrido? Desde a redemocratização na década de 1980 espera-se que políticas de democratização da cultura ocorram, o que na prática foi interrompido pelo choque neoliberal da década de 1990. As duas primeiras décadas do século XXI foram momentos de planejamento para que a mediação cultural pudesse se efetivar e planos foram traçados .A meta 19 do Colégio Setorial de Arquivos no Ministério da Cultura projeto que de 2016 até 2020, 100 das instituições arquivísticas estaduais e distrital e 100 das instituições arquivísticas municipais das capitais, teria pelo menos duas atividades anuais de difusão de seus acervos e de mediação cultural. Ora, os arquivos não existem em função de si mesmos, mas antes para servir aos outros, mas precisamente atender ao anseios das populações por democracia cultural, participação e inclusão. Na Semana Nacional de Arquivos de 2023, nenhuma autoridade tocou no assunto da mediação cultural, meta do Colégio Setorial de Arquivos no agora recriado Ministério da Cultural. Neste contexto tecno-burocrata a mediação cultural com arquivos emerge na Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Essa é um exemplo de espaço de mediação cultural com arquivos, assim como outros. Neste quadro em que nem as instituições arquivísticas estão realizando práxis de mediação cultural, e que os arquivos das atividades finalísticas da Ufes carecem de tratamento, gestão e mediação. É relevante estudar isso, porque democratizar os arquivos impressos, manuscritos, fotográficos, nato digitais valorizando-os como bens culturais móveis, é próprio do Estado Democrático de Direito e não é conhecido. Mediar respeitando os eixos da democratização e da democracia cultural, implica em levar os arquivos para além dos espaços que atualmente são tecno-burocráticos para ocupar espaços de mediação. Esta função cultural é associada também com a valorização. Aliás, Elio Lodolini, um dos fundadores da arquivística contemporânea, destaca que a razão de ser da tecnologia arquivística, da arquivologia e de outros componentes da Ciência Arquivística é valorização os arquivos. Aqui busca-se construir procedimentos para a valorização dos arquivos tendo por objetivo definir o como e o que deve ocorrer em termos de mediação cultural digital com documentos arquivísticos a fim de que os mesmos sejam valorizados..

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