Há décadas, a fotografia tem sido usada como recurso na área da saúde para registrar a manifestação e a evolução das doenças no corpo do ser humano, considerada, de início, uma ferramenta neutra, cujo único propósito era o de registrar de forma fiel o estado de pessoas doentes. Com os avanços das reflexões nas áreas da própria história da saúde e da iconografia, os produtos derivados da técnica da fotografia passaram a ser entendidos como dispositivos portadores de intencionalidades e discursos que excediam a simples documentação científica. Inaugurado em 1977, o Centro de Memória da Medicina (Cememor) é responsável pela salvaguarda de um rico acervo de valor histórico, oriundo de doações de particulares. Para além de documentos textuais, equipamentos e instrumentos médicos, conta também com expressivo acervo iconográfico composto de cerca de 5 mil itens, em que se destacam ampliações fotográficas, negativos (em vidro e película) de imagens não reveladas e slides fotográficos que retratam cirurgias, lesões e observações em microscópio, criadas no intuito de documentar a manifestação das enfermidades no corpo humano. Trata-se de coleção de inegável valor histórico e didático que, por ora, não se encontra adequadamente identificada e processada, o que impossibilita sua difusão e uso para fins de ensino, pesquisa e extensão. Assim, o projeto tem por objetivo geral o processamento técnico desta parcela do acervo iconográfico do Cememor, compreendendo a pesquisa sobre os suportes, as técnicas de registro, o conteúdo e o contexto de produção dos documentos. Os objetivos específicos são: alavancar o potencial de pesquisa da coleção, garantindo visibilidade para essa parcela do acervo praticamente inexplorada; identificar a procedência dos itens no que tange aos seus doadores; investigar o conteúdo das imagens de acordo com as subáreas da Medicina; higienizar, acondicionar e descrever os documentos; buscar novas possibilidades de disseminação e consulta do acervo, articulando ensino, pesquisa e extensão junto ao público interno e externo à UFMG. Quanto aos procedimentos metodológicos, o projeto envolve atividades ligadas à descrição, higienização e acondicionamento das fotografias que compõem a coleção, os quais serão desenvolvidos segundo os princípios preconizados pela Arquivologia e pelos estudos da área da Conservação e Preservação de Acervos. O projeto descritivo, baseado em pesquisa, também prevê diálogo com especialistas para a adequada compreensão do conteúdo das imagens e de suas especificidades. Pretende-se digitalizar a totalidade da coleção, visando-se à democratização do acesso, de modo a promover a ampla difusão do acervo e a responsabilidade social no trato com o patrimônio documental custodiado pela universidade pública.

