PERSPECTIVAS TEÓRICAS E PRAGMÁTICAS DA ARQUIVOLOGIA E SEUS IMPACTOS NA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA SOCIAL (2023)

Danielle Alves de Oliveira

A Arquivologia tem uma longa trajetória enquanto atividade empírica, contudo, o seu delineamento enquanto disciplina científica autônoma tem início no século XIX após a publicação de inúmeros manuais e o surgimento de cursos profissionalizantes. Para tanto, apesar da relevância das publicações para a concepção teórica da área, percebe-se que a Arquivologia não consegue se desvincular do modelo tecnicista voltado essencialmente para a prática. Visando um aparato mais sólido para as reflexões científicas, alguns pesquisadores inserem a Arquivologia no arcabouço da Ciência da Informação, contudo, questões fundamentais da área, continuam sem resposta. Deste modo, a presente pesquisa surge pela necessidade de redimensionar as reflexões do campo, com vistas a aprofundar a sua teoria e prática, possibilitando assim, ressignificar o seu modelo tecnicista que condiciona e engessa as práticas profissionais e naturalizam a ideia de memória sem privilegiar os seus aspectos como construção social. Temos ciência que o Estado e outras estruturas de poder vigentes, utilizam de estratégias políticas para atender as suas necessidades e fomentar silenciamentos e manipulação da nossa memória coletiva, contudo, esse cenário só pode ser modificado, se lançarmos reflexões efetivas em torno dos discursos que estruturam as perspectivas teóricas e pragmáticas e delimitam normas e rotinas no âmbito arquivístico. Portanto, diante deste contexto, temos como objetivo geral: apresentar e problematizar os processos discursivos que estruturam as perspectivas teóricas e pragmáticas que delimitam normas e rotinas no âmbito arquivístico e seus impactos na preservação da memória social. Metodologicamente, fizemos uso da pesquisa exploratória-explicativa com natureza qualitativa. Quanto aos procedimentos técnicos, utilizamos a pesquisa bibliográfica, no qual seguimos as etapas de identificação, sistematização e análise crítica da produção bibliográfica acerca da temática pertinente ao campo de investigação da Arquivologia. Após a análise da literatura, reafirmamos a necessidade de ampliação de pesquisas com foco na área, e, sobretudo, de uma formação mais crítica e propositiva dos arquivistas para que seja possível reconhecer os diversos discursos em torno das normas e rotinas do âmbito arquivístico, principalmente, no que tange a avaliação. Esse processo ainda está muito preso aos discursos da História, e, fundamentalmente, atrelado as demandas do Estado. Deste modo, a ideia de memória na Arquivologia é tratada de forma naturalizada e sem privilegiar esse substrato como uma construção social, resultando em acervos permanentes que não representam a sociedade em suas múltiplas dimensões, atrapalhando assim, no processo de ressignificação da memória. Por fim, reafirmamos que para que os arquivos venham a contribuir efetivamente à sociedade é fundamental que os arquivistas atentem para o processo da avaliação, respeitando não só o valor funcional dos documentos, mas também, o seu potencial informacional, cultural e de memória.

Texto completo disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/31350/1/Danielle%20Alves%20de%20Oliveira_Tese.pdf

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